quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Mulheres celebram Zumbi na Praça Seca


As mulheres serão as protagonistas do Dia Nacional da Consciência Negra no Centro Cultural Municipal Professora Dyla Sylvia de Sá, na Praça Seca. O evento "Zumbi por Elas", que reunirá teatro, dança, gastronomia, artes visuais e história, além de exaltar a força do sexo que não é nada frágil, vai celebrar a figura ainda pouco conhecida de Dandara dos Palmares, mulher do personagem que deu origem à data.— A história de Dandara não é lecionada nem sequer citada em livros escolares. E isso nada mais é do que a marca do machismo preconceituoso e atuante desde o Brasil Colônia. Lamentavelmente, nem mesmo os movimentos negros e feministas mencionam Dandara com a frequência e o destaque merecidos. Com esse evento, queremos ajudar a tornar sua biografia conhecida, assim como a importância da sua atuação ao lado de Zumbi — afirma Jusele Sá, uma das organizadoras do evento.

Para a convidada principal do evento, a cantora Luiza Dionizio, apresentar-se no dia 20 de novembro não é como fazê-lo em qualquer outra data. 


— Quando não sou chamada para fazer show nesse dia, o que é raro, estranho. Além de outros ritmos, como o samba, meu trabalho tem influência dos lundus e dos ijexás; a cultura negra está muito presente. É como se eu estivesse reverenciando o grande guerreiro, que lutou pela questão dos negros no Brasil, e assinasse embaixo de tudo o que ele fez por nós — conta ela, que, como milhares de pessoas, ficou indignada com as agressões racistas sofridas pela atriz Taís Araújo nas redes sociais. — Foi de uma covardia sem tamanho. Mas, infelizmente, o preconceito nunca deixou de existir. As pessoas só evitam expressar suas opiniões para não serem presas. O dia 20 de novembro devia ser uma data de conscientização, mas as pessoas estão mais preocupadas em emendar o fim de semana do que em pensar sobre o assunto. Elas estão tão presas a um pensamento ignorante como os escravos estavam quando mantidos em cárcere privado pelos homens de pele branca. É muito triste.
A programação do evento contará ainda com o espetáculo Teatral “Ubuntu — Eu sou porque nós somos”; a exibição dos curtas “O que você tem na cabeça” e "Mulher movente”; a apresentação da DJ Tammy; uma roda musical com o grupo Samba de Guerreira; uma exposição fotográfica de curadoria de Alessandra Coelho e Cristiane Coelho; com obras de grandes nomes da fotografia: Wania Corredo, Luiz Morier, Salvador Scofano, Lissandro Garrido, Fabio Elias, Fernando Rabelo, Natasha Montier, Vanor Correia, Renata  Rodrigues, Régis Souza, Ronaldo Nacarati, atuação de grafiteiras e apresentação do Bloco de Guerreira. No cardápio, feijoada preparada pela Casa Berner.
— Temos sempre que abrir as portas para a cultura. Mas receber um evento em que a questão do negro é discutida é importante para nós. O preconceito é uma coisa muito grave. Todos somos iguais — observa Avany da Silva Assis, gestora do Centro Cultural Municipal Professora Dyla Sylvia de Sá.


DETALHES:

“Zumbi Por ELAS”, um projeto de integração cultural e histórica que tem por objetivo exaltar o papel da figura feminina dentro do cenário de ações afirmativas. O evento enaltece a força do feminino, desde de Palmares até os dias atuais!
Sintetiza de maneira plural a luta dos negros pela liberdade ao redor do mundo. 
Em 1978 era dado o primeiro passo: ativistas negros reunidos em congresso do Movimento Negro Unificado contra a Discriminação Racial cunharam o 20 de novembro como Dia da Consciência Negra, dia em que Zumbi dos Palmares se tornava um herói nacional, vinculado diretamente à resistência do povo negro.
No entanto, pouquíssimos sabem que por trás dessa história existia também uma figura não tão menos importante que Zumbi. Tratava-se de Dandara dos Palmares.
Pouco se sabe sobre Dandara dos Palmares, os relatos de sua trajetória classifica a mesma como uma guerreira que liderou homens e mulheres ao lado de Zumbi. Mas sua participação na historia é quase que mitológica. Por não se encaixar nos padrões de gênero da época e que ainda hoje são impostos as mulheres. Nem nas escolas é ensinado a importância desta mulher na luta da libertação dos escravos.
Toda a produção do evento foi realizada pela Lumina, das produtoras Jusele Sá e Sandra Joliv. Além da programação, contaremos com uma exposição com curadoria das fotógrafas Alessandra Coelho e Cristiane Coelho.




Programação:
12h30 - Abertura dos portões com expositores do Pra Comuna e Pintura de painéis, ao vivo, com as grafiteiras Aila e Cibelle Guedes;
13h00 às 14h00 - Espetáculo Teatral “UNBUTU”- Eu sou porque nós somos;
14h00 às 15h00 - Exibição dos curtas “O que você tem na cabeça”, de Carlos Maia e "Mulher Movente", de Beatriz Taunay;
14h00 – Início da feijoada;
15h00 – Início da Roda Musical Samba de Guerreira com abertura do Coral Casa de Santana;
16h00 às 16h30 – Intervalo DJ Tammy;
16h30 às 17h30 – Roda Musical Samba de Guerreira;
17h30 às 18h00 –Intervalo DJ Tammy;
18h00 às 19h00 - Roda Musical Samba de Guerreira com participação especial de Luiza Dionizio;
19h00 as 19h40 – Apresentação do Bloco de Guerreira (Núcleo Dandara);
20h00 – Encerramento!


Serviço:
Zumbi Por ELAS
Valor da feijoada R$ 30 - Desconto de R$ 10 para lista amiga. Basta colocar seu nome e dos seus amigos na timeline do evento até às 22h do dia 19/11.
Facilidade de acesso: Há um BRT que pára em frente à rua do Centro Cultural Professora Dyla Sylvia de Sá!!
Shows gratuitos
Estacionamento no local com vagas limitadas!!!
Link do evento: http://migre.me/s1aoB
Endereço: Centro Cultural Profª Dyla Sylvia de Sá
Rua Barão, 1180 - Praça Seca, Rio de Janeiro